Os moradores do bairro Pinheirinho, região Sul de Curitiba, enfrentam diariamente longas filas para tentar obter uma consulta médica na unidade de saúde Vila Machado. De madrugada, dezenas de pessoas se aglomeram diante da unidade. Algumas delas chegam ao local antes das 4 horas da madrugada.
No último dia 10/1, os pacientes que chegaram depois das 5h não conseguiram ser atendidos. Das mais de 30 pessoas que estavam na fila, apenas 6 conseguiram uma consulta com o único clínico geral em serviço, o dr. Guilherme Silva da Cunha.
Conforme relatos de usuários do Sistema Único de Saúde —em Curitiba totalmente gerenciado pela prefeitura—, o caso da unidade de saúde Vila Machado se repete, todos os dias, em todos os bairros da cidade.
Os usuários são obrigados a passar horas na fila, em vão, até serem informados que não há consultas disponíveis. As unidades básicas de saúde abrem suas portas após as 7 horas da manhã.
A dona-de-casa Vilma Wosniack foi uma das pessoas que não obteve consulta na unidade Vila Machado. Com um problema no ouvido, há três dias ela está tentando obter atendimento, sem sucesso.
Por ter chegado em sexto lugar na fila, a poeta Onélia Passarotti conseguiu a última senha para uma consulta com o clínico-geral. “A informação é de que somente um médico irá atender durante todo este mês de janeiro”, conta Onélia. “Trata-se de um profundo desrespeito com a população da cidade.”
Além das unidades básicas, existe uma segunda opção para os usuários do SUS: as unidades de saúde 24 horas, que dispensam a marcação de consultas. O problema é a demora no atendimento prestado por essas unidades —o tempo de espera não raramente ultrapassa o período de seis horas.
Além da incrível demora, como há apenas seis unidades 24 horas em Curitiba, a distância é um obstáculo a mais a ser enfrentado pelos pacientes que não são atendidos pelas unidades básicas de saúde.