O presidente do diretório municipal do PT em Curitiba, Adenival Gomes, defendeu no último dia 16 de fevereiro que a denúncia feita pelo governador Roberto Requião (PMDB) contra o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), e seu irmão, José Richa Filho, seja investigada tanto por uma CPI quanto pelo Ministério Público Estadual.
“O que não pode acontecer é ficar o dito pelo não dito“, afirma Adenival Gomes. “A Assembléia Legislativa deve abrir imediatamente uma CPI e a Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público, um inquérito.”
Requião declarou que Beto Richa foi beneficiado com R$ 10 milhões, desviados do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná. Os recursos teriam sido utilizados em sua campanha ao governo do Estado, em 2002.
Dias após a declaração, o governo divulgou uma ordem de pagamento datada de 30 de dezembro de 2002 —véspera do fim do segundo mandato de Lerner. O documento revela que José Richa Filho, então diretor-financeiro do DER, assinou a liberação de R$ 10.783.822,32 para a DM Construtora.
“É no mínimo estranho o fato de tanto dinheiro público ter sido liberado ao apagar das luzes, a menos de 48 horas do final do governo”, avalia Adenival Gomes.
O pagamento seria relativo a serviços prestados na duplicação da Curitiba-Garuva. Ocorre que, conforme o governo estadual, a obra fora concluída e quitada em 1995. Hoje, Richa Filho é secretário de Administração na gestão do irmão em Curitiba.
Além de defender a investigação de todo o episódio, o presidente do PT de Curitiba lamentou o teor da carta divulgada por Beto Richa sobre o assunto.
“Ao invés de se defender com dados e argumentos, o prefeito teve uma reação raivosa e de desrespeito à figura do governador.”
Desde 2003, tramita na 2ªVara da Fazenda Pública em Curitiba uma ação do atual governo que requer a nulidade do pagamento à DM e o ressarcimento do dinheiro aos cofres públicos.
Empreiteiro
Segundo Requião, o empresário Darci Fantin, dono da empreiteira DM, teria sido procurado durante a campanha de 2002 pelo ex-presidente da Itaipu, Euclides Scalco, e pelo irmão de Beto Richa, José Richa Filho. O objetivo seria cobrir gastos da campanha estadual de Beto Richa.
O empreiteiro Darci Mario Fantin responde a uma série de ações judiciais. Ele e a empresa DM são réus numa ação civil pública movida em 2001 pelo Ministério Público Federal e Estadual em Maringá. A ação trata do superfaturamento na obra do Hospital Regional de Maringá. Entre os réus também figura o ex-prefeito Jairo Gianotto.
Maior acionista da empresa Foz do Chopim Energética, Fantin responde ainda a uma ação que questiona a parceria feita entre a sua empresa e a Copel, que lhe emprestou R$ 30 milhões. O negócio foi feito em 1999, durante a gestão do ex-governador Jaime Lerner.