Durante um ato público realizado na última sexta-feira (13/7), os participantes da 6ª Jornada de Agroecologia, realizada na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Cascavel, entregaram ao Governador do Paraná, Roberto Requião e a outras autoridades uma carta com proposta de políticas públicas para a ampliação da agroecologia na agricultura brasileira camponesa.
O documento cobra do governo estadual e federal a efetivação de um projeto estruturante para a agroecologia e propõe mudanças em torno da gestão democrática e políticas públicas, técnologia de produção agroecológica, transgênicos, agrotóxicos, educação do campo e culturas camponesas tradicionais, recursos naturais, crédito, infra-esturura rural, benefíciamento, agroindústrialização e comercialização e energia.
Requião críticou a dominação da agricultura e da alimentação pelo mercado, “que não leva as pessoas em conta, não tem nenhuma visão de solidariedade, e só visa o lucro”. Para o governador, não é mais possível criar modelos de desenvolvimentos como o dos Estados Unidos e Japão, por isso o Brasil necessita de modelo de densenvolvimento alternativo. “Queremos uma agricultura para produzir comida sim, mas para nós basicamente, trabalhando livre das multinacionais”, ressalta.
O governador também denunciou o projeto do biodisel assinado pelo governo federal com os EUA, que na sua opinião, vai servir para aumentar a voracidade dos veículos e máquinas do primeiro mundo, plantado aqui para a manutenção do padrão de desenvolvimento deles, sem deixar nada para o desenvolvimento dos brasileiros que produzem a matéria-prima.
O membro da coordenação da Jornada de Agroecologia e integrante da Via Campesina, Roberto Baggio, apresentou a carta, solicitando ao estado brasileiro a organização de políticas para o fomento da agricultura camponesa e agroecológica.
Para Baggio, o objetivo das Jornadas de Agroecologia é entender o projeto da burguesia para a agricultura e organizar os camponeses na resistência a está ofensiva. “A agricultura camponesa é um legado de conhecimento acúmulado a vários séculos, mas as empresas transnacionais querem destruir isso. Por isso, temos que combater o projeto do agronegócio”, declara.
A 6ª Jornada de Agroeocologia aproveitou a ocasião para homenagear o bispo Dom Ladislau Biernaski, com o título de Cidadão Benemêrico dos Camponeses do Paraná, pelo seu compromisso com a causa dos pobres e excluídos.
Durante a atividades também foram aprovadas pelos partipantes da Jornada uma moção de apoio a favor da desapropriação do campo de experimento ilegal de milho e soja transgênicos da transnacional Syngenta Seeds, para a transformação do local, num centro de ensino e pesquisa em agroeocologia. Outra moção de apoio aprovada condena a liberação do milho transgênicos.
Além do governador, também estiveram presentes no ato o Secretário de Agricultura do Paraná, Valter Bianchini; Reitor da Universidade do Oeste do Paraná, Alcebíades Luiz Orlando; Diretor da Companhia Nacional de Abastecimento, Sílvio Porto; Prefeito de Cascavel, Lísias de Araújo Tomé; Superintendente Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Celso Lisboa de Lacerda, além de deputados estaduais e secretários de Estado, entre outros.
Contexto
Com o lema “Cuidando da Terra, Cultivando Biodiversidade e Colhendo Soberania Alimentar”, cerca de 20 movimentos sociais, entidades de agricultores e Organizações Não Governamental (ONGs) ligadas a agroecologia, realizaram a Jornada de Agroecologia, pelo sexto ano consecutivo. O objetivo é construir um projeto popular e soberano, para a consolidação da agroecologia na agricultura brasileira.
A Jornada de Agroecologia é realizada em parceria entre a Via Campesina, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos pro Barragem (MAB), Movimento de Mulheres Camponeses (MMC), Escola Latino-Americana de Agroecologia, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB), Instituto Equipe de Educadores Populares (IEEP) e Terra de Direitos. E conta com apoio de vários movimentos sociais e entidades ligadas a agroecologia no Paraná.
Fonte:
www.jornadadeagroecologia.com.br