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Beto Richa (PSDB), ao lado de Ezequias Moreira Rodrigues, seu chefe de gabinete, durante evento no Clube Curitibano
O presidente do PT de Curitiba, Adenival Gomes, defendeu neste domingo (12/8) a instalação de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) tanto na Assembléia Legislativa quanto na Câmara Municipal para apurar o caso da sogra fantasma do chefe de gabinete do prefeito Beto Richa (PSDB), Ezequias Moreira Rodrigues.
Conforme denúncia protocolada no dia 2 de agosto ao Ministério Público, Verônica Durau, 59, sogra do assessor tucano, era funcionária fantasma da Assembléia desde 1996, quando Beto Richa exercia o primeiro mandato de deputado estadual.
Questionada na última semana pelo repórter José Marcos Lopes, do jornal “Gazeta do Povo”, se algum dia já havia trabalhado na Assembléia, Verônica respondeu taxativamente: “Não”.
Na mesma entrevista, Verônica disse que às vezes acompanhava a filha Sandra (mulher de Rodrigues) quando ela ia ao posto bancário fazer saques de dinheiro. Disse ainda que não sabia que seu nome integrava a lista de funcionários.
“Os fatos surgidos até agora indicam, entre outras coisas, que o prefeito Beto Richa manteve, de 1996 a 2000, uma funcionária pública fantasma em seu gabinete de deputado”, afirma Adenival Gomes. “Como Beto Richa era o único responsável pela nomeação de seus assessores, não pode alegar que não sabia de nada.”
Richa deixaria o cargo de deputado em 2000, após a eleição de Cassio Taniguchi para a Prefeitura de Curitiba, de quem foi vice-prefeito. Depois disso, a nomeação de Verônica teria sido mantida por meio da liderança do PSDB na Assembléia.
Documentos anexados à denúncia revelam que, em meados de 2002, Ezequias Rodrigues passou a receber o salário da sogra em sua própria conta bancária —a mesma através da qual ele recebia o salário da Sanepar, empresa que o cedeu para a assessoria do prefeito. O valor bruto atual do salário é de R$ 3.471,82.
Na última sexta-feira (10/8), um dia após a publicação da denúncia pela imprensa, Verônica Durau pediu sua exoneração do cargo.
“A denúncia é grave e merece a abertura de CPIs tanto na Assembléia quanto na Câmara Municipal”, defende Adenival. “Uma das primeiras medidas seria a quebra dos sigilos bancário e fiscal do assessor do prefeito.”
No âmbito do Ministério Público, o caso foi encaminhado ao promotor Odoné Serrano Júnior, da Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público. Em férias, Serrano Jr. deve começar a analisar os documentos a partir da próxima semana. Assinada pelo relações públicas Marcos Ravazzani, a denúncia pede a investigação contra Ezequias por enriquecimento ilícito.
Para o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), que já exerceu o mandato de deputado estadual (1991-1998), é preciso fazer uma ampla investigação dos cargos comissionados existentes na Assembléia e em órgãos ligados à Prefeitura de Curitiba. “Como não há fiscalização, deve haver outros casos de funcionários fantasmas.”
Prefeito não fala
Ezequias Rodrigues acompanha os políticos da família Richa desde os anos 80, quando ganhou cargo no governo de José Richa, pai de Beto. É lotado desde 1983 na Sanepar (companhia estadual de saneamento). Foi emprestado ao gabinete do deputado Beto Richa nos anos 90 e agora cedido à prefeitura.
O prefeito Beto Richa não quis falar com a imprensa sobre o assunto. Sua assessoria de imprensa divulgou uma nota que diz o seguinte: “Em relação ao seu chefe de gabinete, o prefeito informa que Ezequias Moreira Rodrigues trabalha há mais de 20 anos com a família Richa, tendo sido inclusive chefe de gabinete do governador José Richa (1983-1987), e conta com a sua confiança. O prefeito não conhece nenhum fato que desabone a sua vida pública”.
A denúncia encaminhada ao Ministério Público afirma ainda que a esposa de Ezequias, Sandra Regina Durau Rodrigues, teria utilizado para fins particulares um veículo Renaut Scenic alugado pela empresa Cotrans à Prefeitura de Curitiba.