A expressiva vitória de Dilma Rousseff, que concede um quarto mandato presidencial consecutivo para o PT, é a garantia de que o povo brasileiro não quis voltar atrás nos avanços sociais e econômicos capitaneados pelos governos de Lula e, agora, de Dilma. O povo não viu na candidatura de Aécio as mudanças que necessitam ser feitas e deu à Dilma a responsabilidade de fazê-las. Isso significa que muitas portas se manterão abertas para as mudanças que o povo brasileiro clama. Mas, o que mais chamou a atenção, foi o ódio de classe que se instalou no Brasil por uma elite conservadora e preconceituosa que não aceita a ascensão social das classes pobres do país! O preconceito chegou na forma mais deplorável possível, que é o ódio de classe. O Brasil necessita de reformas: política, agrária, urbana, tributária, judiciária, dos meios de comunicação, etc. Não é pelo ódio de classe que vamos avançar nessas mudanças. É pela democratização dos direitos, das políticas públicas, pela inclusão social e econômica, superando os resquícios de uma sociedade monopolista, elitista e totalitária.
As reformas, assim como as eleições diretas, são uma vitória da democracia, da vontade de muitos sobre os privilégios de poucos. E foi exatamente em defesa de tais privilégios que se desencadearam nos últimos tempos, mais especificamente de um ano para cá, as ondas de ódio e preconceito que se aninharam na campanha do candidato de oposição. No afã de derrotar a candidata identificada com os trabalhadores e com as conquistas sociais de doze anos, não houve pudor que contivesse o emprego de qualquer tipo de arma.
Ideias generosas, nascidas do combate de séculos pela democracia e pela justiça social, foram violentamente pisoteadas. A tolerância, a solidariedade humana, a igualdade e a fraternidade, solenemente ignoradas. O ódio atingiu de médicos cubanos ao povo nordestino, de petistas à Venezuela, de gays a negros. Quem acompanhou este processo pelas redes sociais viu, inclusive, ameaças diretas de morte e alguns internautas a destilar seu ódio racista e ofensas sem precedentes aos nossos irmãos nordestinos e à própria presidente da República, então candidata à reeleição.
Os alvos dessa campanha têm uma coisa em comum: não pertencem aos setores privilegiados da sociedade, seja no Brasil ou (no caso de Cuba e Venezuela) no mundo. E aqui começa a ficar mais claro a razão desses sentimentos desumanos. O ódio e o preconceito foram armas profusamente empregadas na tentativa de derrotar Dilma e, com ela, os direitos econômicos, sociais e trabalhistas da grande maioria do povo brasileiro.
É necessário entender como funciona a campanha do ódio. Há uma pirâmide hierárquica. No topo dessa pirâmide ninguém se pronuncia claramente. A sinuosidade é a marca. Ideias são lançadas ao vento, ao mesmo tempo, com cuidado e veneno. Você não encontrará nas páginas dos principais jornais, nem nos pronunciamentos de cabeças coroadas, nada de muito direto.
Porém, quanto mais se desce a pirâmide, mais claras as coisas vão ficando. Meios de comunicação desclassificados, colunistas, radialistas, apresentadores de tevê e políticos de baixo escalão fazem questão de espalhar abertamente o preconceito e incitar o ódio, certos de que nada lhes acontecerá, num país onde os meios de comunicação não sofrem qualquer controle e a justiça costuma ser leniente.
Por fim, na base da pirâmide, existem aqueles que dão vazão aos mais baixos instintos e chegam ao paroxismo. “Morte aos nordestinos”, desrespeito à presidenta Dilma, e coisas até piores. Constituem, na verdade, apenas a bucha de canhão para interesses de quem sequer suspeitam.
É hora de afirmar em alto e bom som verdades iluminadas: contra qualquer tipo de preconceito de raça, de gênero ou de orientação sexual; em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras, os de São Paulo como os de Alagoas; pelo esclarecimento dos motivos ocultos por trás das campanhas de ódio e preconceito; e pela solidariedade entre os povos de todo o mundo.
Essa luta está apenas começando. Pelo que vimos nesses dias pós-eleição, ainda vai longe. Mas vale a pena lutar por uma sociedade onde o amor sempre vencerá o ódio!
Natalino Bastos dos Santos
Presidente Municipal do Partido dos Trabalhadores de Curitiba-PR;
Colaboração Roberto Salomão (jornalista)