Novas casas, construídas em uma área de ocupação que está sendo urbanizada, no Tatuquara estão, literalmente, caindo aos pedaçosNesta segunda-feira (14), a vereadora Professora Josete foi à Vila Terra Santa, no bairro Tatuquara, para verificar a qualidade das moradias construídas por uma construtora contratada pela Cohab-CT, com recursos do Governo Federal.
As obras fazem parte do Projeto Integrado Vila Terra Santa – Moradias Laguna. O valor do investimento, segundo informações oficiais, é de R$ 13,54 milhões. No total, cerca de mil famílias devem ser beneficiadas ao término das obras de urbanização, que envolvem desde terraplenagem até a construção de moradias populares.
Mas muitas casas que já foram entregues ou ainda estão em construção apresentam uma série de problemas estruturais graves.
A parede de uma das residências, ainda em construção, caiu sobre a moradora Ilsa Carvalho de Oliveira e sobre o filho dela de apenas quatro anos de idade. “Até agora a minha perna está doendo; ainda bem que a criança não se machucou tanto”, conta a proprietária da casa em construção, cujas paredes caíram depois de uma chuva na semana passada.
Na obra, percebe-se que há extrema economia de argamassa e que não há vigas nas paredes. Com um simples empurrão, é possível derrubar uma parede inteira. O marido de Ilsa de Oliveira, Elvis Leandro de Oliveira, denuncia que a construtora estaria fazendo um “teste de material”: “Mas fazer teste em uma casa que vai abrigar uma família? E se no futuro isso tudo cai em cima da gente? Não precisa ser engenheiro ou arquiteto para verificar onde estão erros nesta obra”.
Demora para a entrega
A moradora Iderli Mendonça Santos de Jesus está preocupada com o futuro da família. Há um ano e um mês, eles precisaram abandonar o terreno para a construção da nova residência. A solução encontrada foi morar em uma casa emprestada, no mesmo bairro.
Mesmo com todos os problemas de estrutura, a casa nova está quase concluída e só precisa dos acabamentos finais, como pintura, e vidros nas janelas, para ser entregue. Mas os operários abandonaram a obra, pela terceira ou quarta vez, há cerca de três meses. “A promessa era de que no dia 23 de dezembro, véspera de natal, estaríamos de mudança, mas ninguém falou mais nada e, do jeito que as coisas estão, só vamos realizar esse sonho depois do carnaval e olhe lá”, lamenta Iderli.
O problema, segundo Iderli, é que o proprietário da casa onde eles estão morando de favor vai precisar da residência nos próximos dias: “Ainda não sabemos o que vamos fazer, para onde iremos ir e quando nossa casa, que está trancada, será entregue”.
Casa frágil
Quando conseguem as chaves das casas, os moradores convivem com outros tipos de problemas. A casa da família da dona de casa Aurora Pereira da Silva foi entregue há cerca de seis meses. As paredes não suportaram o peso do pequeno armário da cozinha, que precisou ser “chumbado” com concreto. As paredes esfarelam na mão e já há várias rachaduras. As telhas caem e as goteiras são anunciadas cada vez que o céu está para chuva. “Sinceramente, está péssima a condição de vida aqui; esperamos por 10 anos essa casa; em seis meses, já precisamos fazer uma série de benfeitorias… será que é justo?”, questiona a moradora.
“Isso tudo é um desrespeito à essas famílias, que irão pagar pelas residências onde irão morar”, afirma, indignada, a vereadora Professora Josete. “A situação das casas da Terra Santa também serve de alerta para que fiquemos atentos com relação às outras moradias construídas na cidade sob a responsabilidade da Cohab”, comenta da vereadora.
Encaminhamentos
Professora Josete vai agendar uma reunião com o presidente da Cohab, Mounir Chaowiche, para discutir os problemas e as formas de resolvê-los. Uma representação sobre a qualidade das edificações vai ser enviada ao Ministério Público. A Comissão de Urbanismo e Obras Públicas da Câmara e o Crea-PR também serão acionados pelo mandato.
A construtora responsável pelas obras seria a Squadro, que tem sede no bairro Juvevê, em Curitiba.
Assessoria de imprensa Vereadora Professora Josete