A vitória do ex-bispo Fernando Lugo nas eleições presidenciais do Paraguai, no último domingo (20), é um fato positivo para a consolidação do Mercosul e para a integração sul-americana. A avaliação é do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), vice-presidente do Parlamento do Mercosul. “Além de interromper um período de seis décadas de governos autoritários e conservadores, a eleição de Lugo é mais um reflexo dos bons ventos que varrem o neoliberalismo do mapa e conduzem presidentes de esquerda ao poder na América do Sul”, avalia Dr. Rosinha.
O novo presidente paraguaio, segundo Rosinha, tem condições e deverá reduzir a pobreza no país. “Por sua visão de esquerda e sua ligação com os movimentos sociais, Lugo tem condições para reduzir as desigualdades sociais de seu país”, afirma Dr. Rosinha. Rosinha explica que entre os membros plenos do Mercosul, o Paraguai tem a menor renda per capita, equivalente a apenas 4,5 mil dólares -metade do valor médio registrado nos países do bloco. “Interessa ao Brasil o desenvolvimento de seus vizinhos, uma vez que os problemas sociais tendem a ultrapassar as fronteiras.”
Itaipu
Rosinha não descartou a possibilidade de reajustes no tratado entre o Brasil e o Paraguai sobre a energia produzida na usina de Itaipu, fronteira entre os dois países. Segundo Rosinha, o tratado foi assinado durante o regime ditatorial. “O fato de o governo do Paraguai vir a questionar o tratado é natural e legítimo. Se provar que há injustiças, é preciso rever o tratado”. Segundo Rosinha, o documento em questão foi assinado em 1973, quando ambos os países eram presididos por regimes ditatoriais, sem nenhum debate público. Emílio Garrastazu Médici governava o Brasil e Alfredo Stroessner, o Paraguai. A ditadura de Stoessner durou de 1954 a 1989.
Itaipu gera cerca de 20% da energia elétrica consumida no Brasil. O mercado interno paraguaio tem direito a 50% da energia produzida pela usina, mas só absorve 10%. O resto é repassado ao Brasil a preço de custo, conforme prevê o tratado. O documento estabelece que seu conteúdo seria revisto após 50 anos, somente em 2023. “O mais importante é dar transparência à questão da usina de Itaipu, e contribuir para que o Paraguai possa utilizar melhor a energia produzida, com a construção, por exemplo, de novas linhas de transmissão até Assunção”.
PolíticaRosinha afirma ainda que o resultado das eleições paraguaias também significa uma derrota dos Estados Unidos, que perdem mais um aliado na região. “Com Fernando Lugo, o ingresso da Venezuela no Mercosul também será facilitado”, prevê.Lugo obteve 40,8% dos votos, contra 30,8% de Blanca Ovelar e 22% de Lino Oviedo. O índice de participação foi de 65% dos quase 2,9 milhões de paraguaios aptos a votar. A posse está marcada para o dia 15 de agosto.
Fonte: Agência Informes