Representantes dos movimentos que lutam pela cidadania de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT´s), ocuparam na quarta-feira (11) a Tribuna Livre da Câmara Municipal de Curitiba. O convite foi feito pela vereadora professora Josete (PT) que, ao final da sessão, anunciou para a próxima semana a criação da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT.
O anúncio aconteceu seis dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovar por unanimidade a união estável entre homossexuais. O Brasil foi o 34º país do mundo a ratificar a união estável. Por isso, a vereadora Professora Josete considera a atual conjuntura propícia para o lançamento da Frente. “É um momento histórico para o país, de consolidação da democracia. A decisão do STF reflete o amadurecimento da população”, explicou.
Josete espera que pelo menos sete parlamentares se juntem à nova Frente. Além dela, as vereadoras Renata Bueno (PPS) e Julieta Reis (DEM) já aderiram previamente.
Tribuna livre
Fora a decisão do STF, a Tribuna Livre sobre Cidadania LGBT aconteceu próxima a outra importante data para o movimento. Na terça-feira (17) é comemorado o Dia Internacional Contra a Homofobia, que desde 2007 passou também a integrar o calendário oficial do município de Curitiba.
Mais de 20 lideranças do movimento LGBT compareceram à Câmara nesta quarta-feira, além da ex-vereadora e hoje presidenta do PT municipal, Roseli Isidoro.
O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros (ABGLT), Toni Reis, lembrou que o dia 17 de maio, instituído como Dia Mundial Contra a Homofobia, é um marco na promoção da cidadania LGBT. “Foi nesse dia, em 1989, que a Assembleia Mundial da Saúde retirou a homossexualidade da lista de seus distúrbios mentais”, rememorou ele.
Toni Reis também comemorou a decisão do STF: “Já deu pra perceber que depois da decisão até os discursos mais raivosos `baixaram a bola´”.
Nem tudo são flores
Apesar dos avanços, o diretor-presidente do Grupo Dom da Terra, Márcio Marins, citou aos vereadores alguns números preocupantes. De acordo com dados apresentados por ele, em 2009 foram 198 homicídios de membros da comunidade LGBT no país, 25 deles no Paraná, 14 em Curitiba. Desses últimos, nove foram cometidos contra travestis e transexuais. Os números colocam Curitiba como a capital mais homofóbica do país.
Com relação a 2010, ainda não há estatísticas confiáveis a respeito.
“E esses números ainda são subnotificados. Não estamos contando, por exemplo, aqueles corpos que foram enterrados sem serem identificados. Para Curitiba, esses dados são motivo de vergonha”, ressaltou.
O diretor-presidente do Grupo Dom da Terra foi além. “Não existe uma pesquisa sobre isso, mas eu acredito que os índices de violência contra LGBTs aumentam à medida que nós avançamos. Nossas conquistas enfurecem os setores mais conservadores da sociedade”.
Fundamentalismo religioso
Para a professora do Setor de Educação da UFPR, Araci Asineli Luz, a questão da cidadania LGBT é humanitária. “Eu, como mãe, heterossexual, professora e católica praticante, tenho que respaldar um futuro mais humano, que cuide de meus filhos e alunos, sejam eles gays ou heteros”, defendeu. “O que está em questão não é a religião, é o fundamentalismo religioso”, complementou.
Toni Reis garantiu que o avanço dos direitos LGBTs não representa uma ameaça à instituição da família. “Quando a mulher começou a votar também diziam que isso ia acabar com a família. Quando aprovaram o divórcio, falaram que ia acabar com a família. Mas a família não acabou, está aí. Nós temos que arejar nossa cabeça, temos que ser contemporâneos”, concluiu.
Assessoria de imprensa Vereadora Professora Josete