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O presidente do PT de Curitiba, Adenival Gomes, afirmou nesta sexta-feira (17/8) concordar em parte com o prefeito Beto Richa (PSDB), que classificou o caso da sogra fantasma de seu chefe-de-gabinete demissionário como uma “armação”.
“A armação vem desde 1996 e tem a assinatura do então deputado Beto Richa, o único responsável pela nomeação da assessora fantasma”, declara Adenival Gomes.
Verônica Durau, 59, sogra de Ezequias Moreira Rodrigues [foto], era funcionária fantasma da Assembléia Legislativa desde 1996, quando Richa exercia o primeiro mandato de deputado estadual.
Questionada pela imprensa se algum dia já havia trabalhado na Assembléia, Verônica Durau respondeu taxativamente: “Não”. A sogra do assessor tucano disse que às vezes acompanhava a filha Sandra (mulher de Rodrigues) quando ela ia ao posto bancário fazer saques. Disse ainda que não sabia que seu nome integrava a lista de funcionários.
“Além de fantasma, a sogra também parece ser uma laranja”, avalia o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR). “É preciso destacar que Beto Richa não apenas nomeou uma funcionária fantasma, nomeou a sogra de seu então chefe-de-gabinete na Assembléia.”
Ezequias Rodrigues acompanha os políticos da família Richa desde os anos 80, quando ganhou cargo no governo de José Richa, pai de Beto. É lotado desde 1983 na Sanepar (companhia estadual de saneamento). Foi emprestado ao gabinete do deputado Beto Richa nos anos 90 e até esta semana estava cedido à prefeitura.
“Não há dúvida de que [a denúncia] não passa de uma armação para atingir minha imagem e minha honra”, limitou-se a declarar o prefeito tucano sobre o assunto.
A mesma conta bancária
Richa deixou o cargo de deputado estadual em 2000, após a eleição de Cassio Taniguchi para a Prefeitura de Curitiba, de quem foi vice-prefeito. Mesmo depois disso, Verônica não foi exonerada da Assembléia.
Documentos enviados ao Ministério Público revelam que, em meados de 2002, Rodrigues passou a receber o salário da sogra em sua própria conta bancária —a mesma através da qual ele recebia o salário da Sanepar. Valor bruto do salário: R$ 3.471,82.
Na última sexta-feira (10/8), um dia após a publicação da denúncia, Verônica pediu demissão do cargo de assessora que revelou nunca ter exercido. Ontem (16/8), Ezequias também pediu demissão do cargo de chefe-de-gabinete do prefeito Beto Richa.
“A saída de Ezequias não livra o prefeito Beto Richa da obrigação de explicar por que nomeou a sogra fantasma durante pelo menos cinco anos em seu gabinete”, afirma Adenival Gomes.
Nomeada por Beto Richa em março de 1996, Verônica Durau custou aos cofres públicos cerca de R$ 630 mil ao longo dos últimos 11 anos, conforme cálculos do jornal “Gazeta do Povo”. O valor incluiria os encargos sociais, férias e 13º salário.
“Quem embolsou esse dinheiro deve ser responsabilizado criminalmente por enriquecimento ilícito”, conclui o deputado Dr. Rosinha. “É preciso quebrar sigilos bancários e inclusive tomar o depoimento do prefeito Beto Richa.”
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