A Fundação Estatal de Atendimento Especializado em Saúde de Curitiba (Feaes) está ampliando de quatro para dez o número de equipes multidisciplinares do Programa Saúde em Casa, que presta serviço de internamento domiciliar.
Com a contratação de dez novos médicos e um fonoaudiólogo, o programa passa a atender um número maior de pacientes. “A expectativa é que os atendimentos passem de 200 para 600 mensais”, informa Gustavo Schulz, diretor geral da Feaes – entidade que administra o Hospital do Idoso, Maternidade do Bairro Novo e contrata os médicos que atuam nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 24 Horas de Curitiba.
O programa oferece tratamento de doenças e reabilitação de pacientes em suas residências. Prevê o acompanhamento domiciliar por 30 dias, podendo ser prorrogado se necessário. Para participar do programa, o paciente deve ter a solicitação de encaminhamento feita pelo serviço municipal de Atenção Básica, de Urgência e Emergência ou pelos hospitais. O paciente deve obrigatoriamente ter um cuidador e morar em Curitiba.
Atualmente, as equipes do programa ficam instaladas no Hospital do Idoso, mas a previsão é descentralizá-las para as UPAs. “Isso vai diminuir o tempo de deslocamento das equipes na cidade e aumentar a dedicação aos pacientes”, afirma.
No internamento domiciliar, o paciente tem a garantia de assistência e ao mesmo tempo pode ficar próximo de seus familiares, usufruindo do carinho e contato – condição que contribui para a recuperação da saúde. “Este modelo de internamento humaniza o atendimento e amplia a autonomia do paciente, uma vez que, em casa, ele pode contar com a presença dos familiares e retomar, dentro do possível, atividades de sua rotina”, destaca o gerente do programa Altair Rossato.
Além de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas, as equipes multidisciplinares dispõem de uma fonoaudióloga que atua principalmente na reabilitação de pacientes com acidente vascular cerebral (AVC) e problemas na deglutição. “Isso é importante porque reduz a reinternação por pneumonia por aspiração”, detalha Schulz.
A iniciativa se estende aos que precisam de cuidados frequentes para monitoramento de sinais vitais, de aspiração de vias aéreas e de medicação endovenosa (na veia). O perfil para ser admitido no programa inclui, ainda, pessoas com deficiência física (transitória ou permanente) em tratamento para iniciar a reabilitação e também usuários de traqueostomia, órteses e próteses ou sondas.
Desde março de 2012, o Saúde em Casa atendeu mais de 1,5 mil pacientes. Dados da coordenação do programa apontam que 60% dos vinculados atualmente foram indicados pelas Unidades Básicas de Saúde, 25% encaminhados pelo Hospital do Idoso Zilda Arns e outros 15% por outros hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) em Curitiba e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
A dona de casa Maria Angela Bueno, de 60 anos, foi admitida em junho. Ela tem deficiência visual e sofre com úlceras venosas nas duas pernas há 13 anos. Nesta primeira fase do atendimento, a equipe a visita diariamente para fazer a troca dos curativos e acompanhar a cicatrização. “Eu acordava de madrugada com dores nas pernas, hoje não precisei tomar nenhum remédio”, conta Maria Angela, que retomou as tarefas domésticas antes suspensas pela dificuldade em se locomover.
O programa Saúde em Casa funciona todos os dias da semana, inclusive com plantões noturnos. Ao todo, existem nove equipes multiprofissionais (formadas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas) e três equipes de apoio (compostas por nutricionista, farmacêutico, assistente social e fonoaudiólogo).
Documentação
Nos casos de morte de paciente vinculado ao programa, a família conta com a emissão do atestado de óbito pelo médico do Saúde em Casa, dispensando a espera do Instituto Médico Legal (IML) para liberação do corpo. Depois, ainda recebe uma última visita para encerrar o atendimento. “Nossas equipes entram na casa e participam da rotina da família por um tempo. Por isso, essa visita é fundamental”, define Rossato.
A enfermeira Elaine Soares da Silva perdeu o pai em outubro. Assim que os sinais vitais cessaram, a família acionou o serviço. “O médico foi até a casa, emitiu o atestado de óbito e o corpo pode ser encaminhado diretamente para os serviços funerários”. Ela considera “um privilégio” ter tido esse apoio. “O atendimento foi muito humanizado e respeitoso, trazendo tranquilidade e evitando um desgaste emocional maior para a família”, completa.