Todo apoio aos que lutam por um Brasil para todos.
A Executiva Municipal do PT de Curitiba avalia que a conjuntura política no Brasil é de ataque intenso em larga escala aos interesses do povo pelo governo do presidente interino Michel Temer (PMDB). E, por isso, é preciso resistir e acumular forças para o futuro, para a retomada da normalidade democrática e do projeto de governo popular. Esta análise se desdobra nos seguintes aspectos:
- Desde a sua origem, o governo interino se configura como plutocrata, corrupto e pouco afeito à diversidade e aos direitos humanos. Isso se expressa na equipe de ministros, exclusivamente com homens brancos e com vários investigados ou condenados pelos poderes públicos. É um governo servil ao poder econômico, cuja forma de cooptação política é a corrupção, patrocinada pelo setor privado.
- A base parlamentar governamental se configura assim como representante de setores empresariais e banqueiros, financiada tanto com doações legais quanto com caixa 2 de campanha. De um grupo com tal característica só é possível esperar a sucateamento do Estado e sua conversão num grande balcão de negócios, lícitos e ilícitos.
- Os ataques a políticas dos governos petistas de promoção da soberania nacional, desenvolvimento econômico, acesso à educação, à moradia, à cultura, à saúde e redistribuição de renda são cotidianos, em série e muito rápidos. Eles incluem a extinção do Ministério da Cultura, a mudança na relação com os países da América Latina e a subordinação da política de direitos humanos, para mulheres, negros, comunidade LGBT a um ministro truculento, defensor, como advogado, do Primeiro Comando da Capital – PCC. Incluem a proposta de redução do Sistema Único de Saúde, por um ministro cuja campanha foi financiada por planos privados de saúde, desmonte da comunicação pública, redução do Fies – Financiamento Estudantil – e revogação de ações do Minha Casa Minha Vida. Incluem uma reforma da previdência dura, contra os trabalhadores.
- Como qualquer governo sem votos, sem legitimidade, os atos são claramente de desrespeito pela opinião pública. Assim, não há pudores em indicar um líder de governo investigado por homicídio e ligado ao operador maior da corrupção no Congresso Nacional, o deputado afastado pelo Supremo Tribunal Federal Eduardo Cunha. Não há pudores de conceder passaporte diplomático para líder religioso investigado na Lava Jato.
- É um governo cujo apoio se restringe à extrema direita, ao poder econômico e à mídia. O jornalismo brasileiro dos grupos Abril, Globo, Record, Bandeirantes, entre outros, se converteu em propaganda do governo. Colunistas se posicionam como militantes de uma causa, jogando no lixo valores básicos do jornalismo.
- No Congresso, a agenda já começou a mudar, com votação de diversos projetos que materializam ações de diminuição do Estado, uma diretriz derrotada na última eleição e contrária ao desejo dos jovens que em junho de 2013 pediram mais Estado e não menos nas ruas do Brasil. Esta agenda deve também incluir ataques a direitos de minorias, com possíveis retrocessos.
Diante deste quadro, é preciso lutar a acumular forças, retomar o papel de resistência que o PT sempre exerceu, atuando junto com a sociedade. Se o governo Temer é uma tragédia, há plenas condições para enfrentá-lo, pois:
- Cada vez mais fica claro que se trata de um golpe. Tudo que os golpistas alegaram que não fariam estão fazendo e sempre contra o povo. Não é sem motivo que há mais de um mês não são feitas pesquisas de opinião pelos grandes institutos.
- A defesa dos Estados Unidos do governo Temer na reunião das Organizações dos Estados Americanos aponta, claramente, que o golpe tem promotores internacionais.
- O caráter destrutivo do governo fica cada vez mais nítido. A realização de ações de desconstrução de políticas do governo anterior talvez tenha a intenção de deixar a sociedade atordoada e sem capacidade de reação, mas fará acumular insatisfações em diversos segmentos sociais que, organizados através das redes digitais, vai fazer crescer a pressão sobre os golpistas.
- Neste contexto, é possível que haja um recrudescimento da violência, capitaneada pelo ministro da Justiça e por governos aliados nos estados. Já há sinais disso, sobretudo nas ações contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST.
- O PT deve participar de todas as frentes de luta contra o governo golpista e suas ações, organizando manifestações, se posicionando e apoiando todos que lutam pelo Brasil do futuro e contra o retrocesso, contra o país do passado, dos coronéis brancos e ricos.
- Por fim, o PT Municipal apóia as investigações de malfeitos. Afinal, os governos petistas sempre respeitaram o Ministério Público e deram condições de trabalho à Polícia Federal. Mesmo quando as investigações eram direcionadas, o PT se defendeu, sem nunca atacar as instituições, e pagou o preço de sua coerência na criação de instrumentos de Estado de preservação da honestidade na gestão pública. Por isso, apoiamos operações de combate à corrupção, mas as queremos amplas e republicanas, sem parcerias espúrias com os empresários de comunicação, sem vazamentos seletivos, sem mão pesada contra o PT e leve com os demais. Afinal, a luta contra a corrupção está longe de acabar. O PT sempre a apoiou e continuará apoiando.
Curitiba, 19 de maio de 2016.
Comissão Executiva Municipal do PT de Curitiba